O piquenique encantado de Sueli, uma história infantil mágica sobre amizade, coragem e compartilhar. Aventura no reino dos alimentos com lições de vida para crianças de 4 a 8 anos.
Sueli era uma menina de seis anos com cabelos cacheados loiros e olhos cor de mel curiosos que brilhavam sempre que descobria algo novo. Naquele sábado ensolarado, ela estava muito animada porque sua família havia planejado um piquenique no parque. Sua mãe preparara uma cesta cheia de delícias: sanduíches cortados em formatos divertidos, suco de laranja fresco e biscoitos decorados com confeites coloridos.

“Vamos ser felizes sempre!” gritava Sueli enquanto dançava pela sala, já usando seu vestido favorito, estampado com pequenas flores amarelas Seu pai sorria, dobrando a manta xadrez para guardar no porta-malas, enquanto sua mãe revirava a cesta mais uma vez, conferindo cada item. Ao chegarem ao parque, Sueli disparou em direção ao seu canto favorito: um tapete de grama viçosa sob a copa frondosa de um carvalho centenário. Contudo, quando se aproximaram da árvore, um fenômeno incomum ocorreu. Uma luz âmbar parecia vazar das frestas do tronco, e o ar ao redor ganhava um brilho quase palpável.
“Mamãe, papai, vejam só!” chamou Sueli, agarrando a bainha do vestido da mãe.
Seus pais trocaram um olhar perplexo, a mãe instintivamente puxando a filha para perto.
“Ver o quê, querida?” perguntou sua mãe.
“A luz! Está brilhando!” insistiu Sueli, apontando na direção da árvore.

Porém, seus pais não viam nada além do sol filtrando pelas folhas. Sueli, curiosa como sempre, aproximou-se do carvalho. No instante em que suas mãos roçaram a casca, a realidade à volta dissolveu-se como fumaça. O parque familiar sumiu, dando lugar a um cenário encantado: árvores antigas exibiam rostos sorridentes em suas entranhas, flores gigantescas desabrochavam em tons vibrantes, e pequenos seres alados zumbiam entre as copas.
Sueli virou-se de repente, mas o espaço onde seus pais estavam agora estava vazio.
Em seu lugar, havia apenas uma clareira mágica, com sua cesta de piquenique no centro. A menina sentiu um frio na espinha, todavia sua curiosidade falou mais alto. Ela decidiu explorar aquele lugar novo e misterioso.
Enquanto caminhava, Sueli encontrou um esquilo falante que se apresentou como Nutly. “Bem-vinda ao Reino do Piquenique Encantado!” disse o esquilo, fazendo uma reverência. “Somos guardiões de todos os lanches deliciosos que as crianças trazem para o parque.”
Sueli ficou maravilhada. “Isso aqui é mesmo mágico? Onde estão meus pais?”
“Ah, eles estão no outro lado, no mundo comum”, explicou Nutly. “Apenas crianças com corações puros e imaginativas podem entrar em nosso reino.”
No entanto, o esquilo parecia preocupado. Sueli perguntou o que havia de errado, e Nutly explicou que o Rei dos Picles havia roubado todos os temperos do reino, e sem eles, a comida do piquenique não teria gosto de nada.
“O Rei dos Picles?” perguntou Sueli, confusa.
“Sim, ele vive no Castelo da Mostarda, no outro lado do Vale dos Guardanapos”, respondeu Nutly. “E ele é muito avarento, guardando todos os temperos só para si.”
Sueli pensou por um momento. Ela adorava comida com sabor, e a ideia de um piquenique sem temperos a deixava triste. Contudo, ela também sentia saudade de seus pais.

“Eu posso ajudar?” ofereceu-se Sueli. “Se eu recuperar os temperos, consigo voltar para meus pais?”
Nutly assentiu entusiasmado. “Sim! E teremos um grande banquete em sua honra!”
Sueli decidiu aceitar a missão. O primeiro desafio foi atravessar o Vale dos Guardanapos. Guardanapos gigantes flutuavam como asas, e Sueli precisou pular de um em outro para atravessar. Foi assustador, porém ela conseguiu, rindo a cada salto bem-sucedido.
Em seguida, ela encontrou o Rio de Refresco, que precisava atravessar. Felizmente, as canudos-gigantes flutuavam na superfície, servindo como pontes. Sueli equilibrou-se cuidadosamente, sentindo o cheiro doce do suco de laranja que subia das águas.
Finalmente, ela chegou ao Castelo da Mostarda, uma construção impressionante feita inteiramente de potes de mostarda dourada. Os guardas na entrada eram picles em forma de soldados, marchando de um lado para o outro.
Sueli precisava de um plano para entrar sem ser vista. Foi quando notou que os guardas adoravam música. Ela começou a cantarolar uma melodia que sua mãe costumava cantar para dormir, e os picles começaram a bocejar, ficando cada vez mais sonolentos até finalmente adormecerem.

Com cuidado ,Sueli esgueirou-se para dentro do castelo. Lá, encontrou salas repletas de frascos de todos os tipos de temperos: sal, pimenta, orégano, canela e muitos outros. No centro do salão principal, sobre um trono de azeitonas, estava o Rei dos Picles, um picle grande e verde com uma coroa feita de talos de salsa.
“Quem ousa entrar no meu castelo?” rugiu o rei, ao ver Sueli.
“Eu sou Sueli”, disse a menina, tentando parecer corajosa. “Eu vim pedir de volta os temperos para o piquenique.”
O Rei dos Picles riu, uma risada que fez os potes tremer. “Nunca! Esses temperos são meus! Eu os coleciono há anos!”
Sueli sentiu um medo gelado subir por suas costas. Todavia, ela lembrou-se de algo que sua mãe sempre dizia: “A partilha torna tudo mais gostoso”. Então, ela teve uma ideia.
“E se… e se a gente compartilhasse?” sugeriu Sueli. “Podemos fazer o maior piquenique de todos os tempos, com todos os tipos de comida saborosa. Você pode ser o convidado de honra!”
O Rei dos Picles ficou surpreso. Ninguém nunca havia lhe oferecido compartilhar antes. Ele pensou na proposta, enquanto, Sueli esperava, o coração batendo forte.
“Compartilhar?” perguntou o rei, intrigado. “Essa é uma ideia interessante…”

Naquele momento, Sueli percebeu que essa era sua chance. Ela explicou como o piquenique poderia ser divertido para todos, com comida deliciosa, jogos e risadas. O Rei dos Picles nunca havia experimentado nada disso, pois sempre estivera sozinho em seu castelo.
“Estou cansado de comer sozinho”, admitiu o rei, sua voz agora mais suave. “Talvez… talvez compartilhar não seja tão ruim assim.”
O rei concordou em devolver os temperos e até mesmo ajudar a organizar o piquenique. Sueli, o Rei dos Picles e Nutly voltaram juntos para a clareira, onde todos os habitantes do Reino do Piquenique Encantado os aguardavam.
O que se seguiu foi a festa mais maravilhosa que Sueli já havia visto. Havia comida deliciosa, música e dança. De repente, seus pais surgiram no meio da festa, como se a magia os tivesse trazido para aquele universo fantástico.
Quando o sol pintou o céu de laranja e roxo, Sueli entendeu que era hora de regressar. Abracei cada um dos seres encantados, jurando reviver aquela aventura em outro piquenique mágico.
De volta ao parque comum, sob o grande carvalho, Sueli abraçou seus pais, que estranhamente não pareciam lembrar de nada fora do comum. Contudo, Sueli guardaria aquela aventura para sempre em seu coração.
Naquele dia, Sueli aprendeu que compartilhar torna tudo mais especial, e que a magia pode ser encontrada nos lugares mais inesperados, como em um simples piquenique em família.
