O Jacaré Bailarino, uma fábula cheia de coragem, autoestima e inclusão, perfeita para crianças de 6 a 9 anos aprenderem sobre acreditar em si mesmas.
A história infantil O Jacaré Bailarino conta a jornada de Samuel, um jacaré diferente que sonha em dançar e mostra às crianças que ser único é motivo de orgulho e não de vergonha.
Havia um jacaré chamado Samuel, que morava às margens de um rio largo e cheio de peixes. Diferente dos outros jacarés, que gostavam de caçar, dormir no sol e mostrar os dentes assustadores, Samuel tinha uma paixão secreta: a dança. Ele adorava ver as garças dançando quando abriam suas asas e os macacos pulando de galho em galho como se fizessem acrobacias. Desde pequeno, seu coração batia mais forte ao ouvir o som do vento nas folhas, que para ele parecia música.
Enquanto seus irmãos treinavam a mordida ou disputavam quem nadava mais rápido, Samuel se escondia atrás das árvores para ensaiar passos. Ele girava, saltava e até inventava movimentos engraçados com seu corpo grande e verde. Muitos animais riam dele, dizendo que aquilo não era coisa de jacaré. Mesmo assim, Samuel nunca deixava de sonhar em ser um verdadeiro bailarino.

Um dia, os animais da floresta ouviram uma notícia especial: haveria um Festival da Música e da Dança da Floresta, onde todos poderiam mostrar seus talentos. Macacos já preparavam piruetas, pássaros ensaiavam cantos afinados, e até tartarugas batiam suas cascas em ritmo de tambor. Quando Samuel escutou aquilo, sentiu o coração disparar. Seria a chance de mostrar que um jacaré também podia dançar.
Contudo, logo veio a dúvida: “E se rirem de mim? E se eu tropeçar?” Ele sabia que jacarés eram vistos como perigosos, não como artistas. Os irmãos zombaram dele, dizendo que seria motivo de piada. Samuel passou a noite inteira olhando para a lua refletida no rio, imaginando se deveria ou não participar. Era uma decisão difícil, porque nunca ninguém havia acreditado nele. Mas, no fundo, ele queria muito tentar.

No dia seguinte, Samuel decidiu que participaria. Se fosse para rir, que rissem. Mas ele queria dançar com todo o coração. O problema era que nunca tinha treinado em frente a ninguém. Ao começar seus ensaios na clareira, os primeiros obstáculos surgiram. Seu corpo era pesado, suas patas curtas e, a cada salto, fazia o chão tremer. Às vezes caía de barriga e levantava cheio de folhas grudadas.
Mesmo assim, ele não desistiu. Passava horas tentando encontrar passos que combinassem com sua forma de jacaré. Aos poucos, percebeu que sua cauda poderia ser usada como apoio, seus braços fortes davam giros poderosos, e até seu jeito engraçado de andar poderia virar um estilo único. No entanto, ainda faltava confiança. Quando via outros animais treinando, Samuel se escondia, envergonhado.
Foi então que uma garça chamada Joana o observou e disse: “Samuel, seus movimentos são diferentes, mas têm alma. Continue treinando, você pode surpreender a todos.” As palavras da amiga foram como música para seus ouvidos.

O grande dia do festival se aproximava, e Samuel sentia borboletas na barriga. Ele via os outros animais ensaiarem com perfeição: os macacos eram engraçados, os pássaros afinadíssimos, as tartarugas ritmadas. Quando Samuel pensava em subir no palco improvisado, o medo voltava.
“E se eu errar logo no começo? E se todos gritarem que jacaré não sabe dançar?” – pensava ele, andando de um lado para o outro. Durante a noite, não conseguia dormir. Foi até a beira do rio e olhou para sua própria imagem refletida na água. “Eu sou diferente… mas será que ser diferente é um defeito ou pode ser um presente?”
Naquele instante, lembrou das palavras de Joana. Respirou fundo e tomou a decisão: participaria do festival, acontecesse o que acontecesse. Não queria mais se esconder. Preferia ser lembrado como o jacaré que ousou dançar do que como aquele que nunca tentou.

Chegou o dia do festival. A clareira estava iluminada com tochas, e os animais se reuniam em roda. Apresentações maravilhosas encheram o ar de música e alegria. Quando anunciaram o nome de Samuel, todos se entreolharam: “Um jacaré vai dançar?” Alguns riram, outros cochicharam assustados.
Samuel entrou no centro do palco improvisado com o coração acelerado. No início, suas pernas tremiam tanto que quase tropeçou. O silêncio tomou conta. Então, fechou os olhos, respirou fundo e começou. Movimentou sua cauda como se fosse um compasso, girou de maneira inesperada, saltou com força e até fez um passo engraçado que arrancou risadas alegres – não de zombaria, mas de surpresa.
Aos poucos, os animais começaram a bater palmas, a acompanhar os passos e a vibrar com sua coragem. Samuel dançava como nunca, colocando toda sua alma em cada movimento. Quando terminou, suado e exausto, houve um instante de silêncio… seguido de uma explosão de aplausos.

Depois da apresentação, Samuel foi cercado por animais de todas as espécies. Até os que haviam rido antes o elogiaram: “Você mostrou que cada um pode ter um talento único, mesmo sendo diferente.” Joana, a garça, sorriu e disse: “Viu só? A floresta precisava conhecer o bailarino que existe dentro de você.”
Samuel aprendeu que não importa o que os outros esperam de nós. O importante é seguir o coração e acreditar na própria capacidade. Ele nunca deixaria de ser um jacaré, mas agora era também um bailarino. Seu exemplo inspirou outros animais que tinham sonhos diferentes a tentar também.
Naquela noite, deitado perto do rio, Samuel fechou os olhos feliz. Descobrira que ser diferente era, na verdade, o que o tornava especial.
