Barquinho do Sonho, um conto infantil mágico para crianças de 4 a 7 anos, repleto de aventuras nas estrelas, lições sobre coragem e imaginação, perfeito para leitura antes de dormir.
Manuela tinha 6 anos e um olhar curioso que sempre procurava estrelas no céu. Todas as noites, antes de dormir, ela abria a janela do quarto e ficava olhando para o alto, tentando adivinhar o que havia além daquelas luzinhas distantes. Sua avó sempre dizia:
— Quando a lua brilhar bem forte, um barquinho vai passar para te levar a passear.
Manuela ria, achando graça da história… mas, no fundo, acreditava um pouquinho. Naquela noite, o céu estava tão limpo que parecia pintado. A lua sorria redonda, e uma brisa suave entrava pela janela. Manuela fechou os olhos e fez um pedido:
— Queria poder voar entre as estrelas.
Foi então que algo cintilante apareceu: um barquinho dourado, flutuando bem no meio do céu, com uma vela feita de luz. Ele se aproximou devagar, como se ouvisse o chamado silencioso da menina.

O barquinho parou bem diante da janela de Manuela. Uma voz suave, como o vento, chamou:
— Quer vir comigo, pequena viajante?
Manuela olhou para a cama, olhou para o céu… e sentiu um frio na barriga.
— E se eu cair? — perguntou.
— No mundo dos sonhos, ninguém cai. Só flutua — respondeu o barquinho.
Ela respirou fundo e pulou para dentro. O barquinho balançou levemente e começou a subir, subindo… até que as luzes da cidade ficaram pequenas como vaga-lumes. Mas, de repente, Manuela percebeu que não sabia para onde iam nem como voltaria.

Enquanto navegavam, o vento começou a mudar. Antes suave, agora empurrava com força, levando o barquinho para nuvens escuras e carregadas. Elas pareciam montanhas gigantes de algodão cinza. Dentro delas, trovões brincavam de assustar, e relâmpagos faziam a noite piscar.
Manuela segurou firme na borda.
— Eu… acho que estou com medo.
— É normal sentir medo quando o caminho muda — disse o barquinho. — Mas olha bem: às vezes, o que parece assustador guarda surpresas bonitas.
De repente, a nuvem escura se abriu, revelando um campo de estrelas cadentes que cruzavam o céu como fogos de artifício silenciosos. Manuela esqueceu o medo e começou a rir.

O barquinho diminuiu a velocidade.
— Manuela, temos dois caminhos — disse. — Podemos voltar para perto da lua e cantar até o sol chegar, ou seguir até o Horizonte de Cristal, onde poucos sonhadores chegam. Mas é longe, e talvez não dê tempo de voltar antes do dia.
Manuela olhou para trás, vendo a lua como um farol amigo. Olhou para frente, onde o céu parecia se abrir em um mar de luz. Ela sentiu o coração bater rápido.
— Eu quero ir até lá! — decidiu.
O barquinho disparou, cortando o vento. As nuvens ficaram coloridas como arco-íris, e Manuela cantava enquanto passavam por cometas brincalhões. Chegaram, enfim, ao Horizonte de Cristal: uma imensa cascata feita de luz, onde as estrelas mergulhavam e se transformavam em sonhos novos para o mundo.
Manuela ficou maravilhada.
— Isso tudo… é para criar sonhos?
— Sim. Cada sonho que alguém tem nasce daqui.
Mas o céu começou a clarear. O sol vinha chegando, e Manuela sabia que era hora de voltar.

O barquinho voou rápido de volta, deixando um rastro de luz no céu. Quando pousou na janela, Manuela deu um abraço nele.
— Obrigada por me mostrar que o medo pode esconder coisas lindas.
— E obrigada por ter coragem de sonhar alto — respondeu o barquinho, antes de desaparecer.
Manuela se deitou na cama. O sol já entrava tímido no quarto. Ela sorriu, sabendo que, sempre que a lua brilhasse forte, o barquinho do sonho poderia voltar. E, mesmo acordada, ela nunca mais deixou de acreditar que o céu guarda caminhos mágicos para quem ousa sonhar.
