Faixa Etária Ideal: 6 a 10 anos

Marly, uma garotinha de oito anos com cachos escuros e olhos que cintilavam como estrelas, vivia para dançar. Sempre que possível, ao regressar da escola, ela punha sua melodia preferida e rodopiava pela sala, fantasiando-se como uma bailarina renomada. Ela dividia um lar acolhedor com os pais e o irmão caçula, Heitor. Seu cotidiano era descomplicado, todavia repleto de felicidade. Todas as noites, antes de adormecer, a doce menina expressava sua gratidão a Deus pelas dádivas recebidas, com ênfase na família e pela habilidade de dançar, seu maior dom. Aos domingos, Marly acompanhava os familiares na igreja da comunidade, onde absorvia ensinamentos sobre o amor divino e a relevância do agradecimento. Sua genitora frequentemente aconselhava: “Marly, a gratidão assemelha-se a um pássaro que aprende a voar – quanto mais você exercita, mais alto alcança. E Marly levava esse conselho a sério, encontrando pequenas coisas para agradecer todos os dias.

Um dia, Marly recebeu a notícia de que sua escola participaria de um festival de dança interescolar. Ela exultou com a oportunidade de representar sua instituição de ensino no palco. Contudo, ao dialogar com a educadora, tomou conhecimento de que cada estudante deveria custear uma taxa de matrícula, valor que reconhecia ser insustentável para seus pais diante das dificuldades financeiras familiares naquele período. O coração de Marly pesou. Ela queria muito participar, porém não sabia como. Naquela noite, durante as orações, a dócil menina pediu a Deus por sabedoria. Ao despertar, surgiu-lhe um plano: montaria um espetáculo de dança na congregação para angariar recursos. Ela abordou o líder espiritual, que encantou-se com a proposta e concedeu-lhe o espaço para concretizar o projeto após a cerimônia dominical. A partir de então, estabeleceu uma meta: juntar o valor necessário para sua inscrição e, se viável, auxiliar colegas que igualmente enfrentavam limitações financeiras.

Marly começou a praticar incansavelmente para sua apresentação. Todavia, logo enfrentou seu primeiro desafio: ela precisava de músicas adequadas e de um figurino. Sua mãe ajudou a costurar um vestido simples usando um tecido que ganharam de uma vizinha, porém as músicas eram um problema. Eles não tinham como comprar novas músicas para a apresentação. Marly não desistiu. Em vez disso, ela pediu ajuda ao organista da igreja, que se ofereceu para tocar algumas músicas gratuitamente. Outro desafio surgiu quando a pequena dançarina descobriu que precisaria de pelo menos cinco participantes para o festival, e ela era a única de sua turma que estava tentando participar. Ela convidou suas amigas, porém muitas tinham medo de se apresentar. No entanto, não desistiu. Ela começou a ensinar alguns passos simples para as crianças menores da igreja, e logo elas estavam animadas para participar também. A carinhosa menina percebeu que estava ensinando mais do que dança – estava ensinando sobre coragem e gratidão.

Uma semana antes do festival, a diretora da escola anunciou que a data do evento foi alterada e aconteceria no mesmo dia da apresentação que planejou na igreja. Marly ficou desesperada. Se ela fizesse a apresentação na igreja, perderia o festival. Se fosse ao festival, desapontaria toda a comunidade que estava ajudando-a a arrecadar fundos. Naquela noite, ela chorou em seu quarto, sentindo-se dividida. Orou a Deus, pedindo direção. Durante sua prece, recordou os ensinamentos maternos sobre reconhecimento. Compreendeu que sua meta verdadeira transcendia a participação no evento: tratava-se de manifestar seu agradecimento através da dança e estender auxílio ao próximo. Ainda assim, permanecia indecisa sobre os próximos passos. Na manhã seguinte, optou por uma resolução desafiadora: buscaria o líder espiritual para expor a circunstância, propondo alternativas como remarcar a apresentação ou buscar soluções criativas. Embora receasse desiludir a todos, tinha convicção de ser o caminho adequado.

Ao detalhar o impasse ao líder espiritual, ele sorriu e declarou: “O Senhor já preparou uma saída, minha filha. O concurso foi prorrogado por sete dias, permitindo que você mantenha sua apresentação como planejado e ainda participe do evento”.

Marly quase não podia acreditar! Era um milagre. Ela correu para contar a notícia a todos os seus pequenos bailarinos. Entretanto, no dia da apresentação na igreja, um novo desafio surgiu. O sistema de som falhou e não havia como tocar as músicas ensaiadas. As crianças começaram a ficar nervosas, e a pequena artista sentiu o pânico tomar conta de si. Olhando para todos os expectadores, ela lembrou-se de por que estava fazendo tudo aquilo. Então, com um sorriso, Marly anunciou: “Vamos dançar mesmo sem música! Vamos mostrar nossa gratidão a Deus através de nossos movimentos”. E assim fizeram. As crianças dançaram em silêncio, expressando com seus corpos a alegria e a gratidão que sentiam. No final, todos na igreja se levantaram em aplausos, emocionados com a apresentação. Não apenas arrecadaram o dinheiro necessário, como também receberam um convite para se apresentar em um evento maior da comunidade.

Marly e seu grupo de dança participaram do festival escolar uma semana depois. Eles não ganharam o primeiro prêmio, porém receberam uma menção honrosa por “criatividade e expressão”. Para ela, porém, o verdadeiro prêmio foi algo muito maior. Pois, aprendeu que a gratidão não é apenas um sentimento, mas uma ação – algo que se coloca em movimento. Após essa experiência, a dócil dançarina  continuou a dançar, porém agora com um propósito maior.

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