O Penico Revoltado é uma história encantadora em forma de canção que mistura diversão, aprendizado e valores importantes para crianças. Criada com carinho para pais e filhos, essa história educativa traz um personagem cativante, humor leve e mensagens que ajudam no desenvolvimento infantil de forma lúdica e animada.

Pimpo era um penico vermelho e brilhante, sempre pronto para ajudar sua dona, Bia. Desde que chegara à casa, sua missão era clara: ajudar a pequena menina a aprender algo muito importante. No começo, Pimpo se sentia um verdadeiro herói. Sempre que Bia o usava corretamente, seus pais batiam palmas e sorriam, e ele ficava orgulhoso de sua função.

Bia também parecia feliz com ele. Com seus cachinhos dourados e olhos brilhantes, ela sempre levava Pimpo para todo lado, como se fosse um brinquedo especial. Contudo o tempo foi passando, e Pimpo começou a notar algumas coisas que o incomodavam.

Por que ele tinha que ser um penico? Por que sua vida se resumia a aquela tarefa tão… incômoda? Ele via os outros objetos ao redor de Bia – ursinhos fofinhos, bonecas elegantes e livros coloridos – todos pareciam ter uma função mais divertida e menos desagradável que a dele.

Uma noite, enquanto estava no banheiro, Pimpo ouviu Bia dizendo algo para sua mãe:

— Mamãe, quando eu for grande, não vou mais precisar do Pimpo, né?

Aquela frase atingiu Pimpo como um raio. Um dia, ele não seria mais necessário? Seria deixado de lado, esquecido, talvez até jogado fora? Seu coraçãozinho de penico se encheu de angústia. Ele não queria passar o resto da vida fazendo algo que, no fim, não teria valor para Bia.

Naquela noite, enquanto todos dormiam, Pimpo tomou uma decisão ousada. Ele fugiria. Ele iria procurar um novo propósito, uma nova função. Algo que o fizesse sentir importante para sempre.

Com muito esforço, ele se balançou para os lados, até que finalmente rolou para fora do banheiro. Agora, escondido nas sombras do corredor, ele iniciaria sua grande aventura.

Pimpo rolou cuidadosamente pelo corredor, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Ele sabia que, se fosse descoberto, seria levado de volta ao banheiro e sua fuga terminaria antes mesmo de começar. O chão frio fazia sua superfície arrepiar de emoção e medo ao mesmo tempo.

Ao chegar na sala de brinquedos de Bia, Pimpo parou para observar seu novo ambiente. Bonecas dormiam em seus bercinhos, carrinhos estavam empilhados em um canto, e um grande urso de pelúcia deitado no meio do tapete. “Talvez eu possa ser um brinquedo também”, pensou ele, animado.

Ele se posicionou entre os blocos de montar e ficou bem quietinho, tentando parecer um castelo. “Talvez Bia goste de brincar comigo de outra forma”, pensou. Entretanto, conforme a noite passava, nenhum dos brinquedos se aproximava dele. Nenhum deles parecia notar sua presença.

De repente, uma voz grossa e acolhedora veio do grande urso de pelúcia:

— O que faz aqui, Pimpo? Não deveria estar no banheiro ajudando Bia?

Pimpo se assustou, mas depois suspirou.

— Estou cansado de ser um penico, Urso Fred. Quero ser algo diferente, algo especial.

Fred sorriu gentilmente.

— Mas você já é especial, Pimpo. Bia precisa de você. Se quer tentar algo novo, por que não experimenta se tornar um tambor?

A ideia parecia boa! Pimpo se virou de ponta-cabeça e tentou se tornar um tambor, porém, algo parecia errado. Seu formato arredondado fazia com que ele rolasse pelo chão em vez de ficar parado. Ele não era firme como um tambor de verdade. Os brinquedos riram baixinho, não por maldade, mas porque achavam a cena engraçada.

Desanimado, Pimpo suspirou. Talvez fosse mais difícil encontrar um novo propósito do que ele imaginava. No entanto, ele não desistiria tão fácilmente.

Enquanto pensava no que fazer a seguir, a porta do quarto se abriu e uma luz suave iluminou tudo. Era Bia! Ela estava procurando alguma coisa… ou melhor, alguém.

Bia entrou no quarto devagar, esfregando os olhos sonolentos. Olhou ao redor e franziu a testa.

— Pimpo? Onde você está? — sua voz saiu baixinha,  carregada de preocupação.

O coração de Pimpo apertou. Ele queria muito descobrir um novo propósito, mas ver Bia triste não fazia parte de seus planos.

Os brinquedos olharam uns para os outros. O urso Fred foi o primeiro a falar:

— Ela sente sua falta, Pimpo. Você é mais importante do que imagina.

Pimpo hesitou. Será que deveria se revelar? Entretanto, antes que pudesse decidir, Bia soltou um soluço baixinho e lágrimas começaram a escorrer por seu rosto.

— Pimpo, volta… eu preciso de você…

O penico nunca havia visto Bia chorar assim. Um nó se formou dentro dele. A sensação de abandono que tanto temia era exatamente o que estava fazendo Bia sentir agora. Ele não queria ser um brinquedo qualquer; queria ser necessário.

O urso Fred, percebendo sua hesitação, sussurrou:

— O verdadeiro propósito de algo não está no que queremos ser, mas no que significamos para os outros.

Pimpo sentiu um calor diferente dentro de si. Ele era muito mais do que um simples penico: era um amigo, um ajudante, um companheiro. E agora, ele precisava voltar.

Respirou fundo e se preparou para se mostrar. Todavia como faria isso sem assustar Bia? Então, teve uma ideia brilhante. Ele rolou devagar até a pilha de blocos de montar e fez um pequeno barulho, o suficiente para chamar a atenção da menina.

Bia enxugou as lágrimas e olhou na direção do som. Seu rosto se iluminou de alívio quando viu Pimpo.

— Pimpo! Você voltou! — Ela correu até ele e o abraçou apertado, sem se importar que era apenas um penico.

E naquele momento, Pimpo soube que tinha tomado a decisão certa.

Nos braços de Bia, Pimpo sentiu um calor acolhedor. Ela o segurava com carinho, como se estivesse reencontrando um velho amigo. Seus olhos ainda brilhavam de lágrimas, mas agora eram lágrimas de alegria.

— Eu achei que tinha perdido você… — murmurou Bia, aninhando Pimpo junto ao peito.

Os brinquedos ao redor observavam a cena com sorrisos cúmplices. O urso Fred deu uma piscadela discreta para Pimpo, como quem dizia: “Eu te disse”.

Bia bocejou e, com Pimpo nos braços, caminhou de volta para o banheiro. Colocou-o em seu lugar de sempre, ao lado da pia, e suspirou aliviada.

— Você tem que ficar aqui, Pimpo. Eu ainda preciso de você.

Aquelas palavras ecoaram no coração do pequeno penico. De repente, ele percebeu algo que nunca tinha entendido antes. Sua missão não era temporária. Ele não era descartável. Ele fazia parte de uma fase muito importante da vida de Bia.

Enquanto ela voltava para a cama, Pimpo olhou ao redor do banheiro, agora com um novo olhar. Ele não era um brinquedo, um tambor ou qualquer outra coisa. Ele era Pimpo, o penico de Bia – e isso era algo especial.

Os dias se passaram e Pimpo continuou firme em sua missão. A cada uso bem-sucedido, Bia comemorava, e ele se sentia mais confiante do que nunca. Era um penico feliz, ciente de sua importância e do impacto que tinha na vida da menina.

Mas então, um dia, algo inesperado aconteceu.

Bia entrou no banheiro animada, segurando a mão da mãe. Ela apontou para Pimpo e disse com orgulho:

— Mamãe, eu já sou grande! Quero usar o vaso como você e o papai!

O coração de Pimpo gelou. Ele sabia que esse momento chegaria, embora não achava que seria tão rápido.

A mãe sorriu e a pegou no colo.

— Estou muito orgulhosa de você, meu amor! — disse ela, colocando Bia sentada no vaso, com um redutor de assento.

Pimpo assistiu a tudo em silêncio. Ele havia se preparado para isso, porém, agora que estava acontecendo, sentia um aperto.

Será que ele ainda teria um lugar na vida de Bia?

Quando terminou, Bia olhou para ele com carinho. Em vez de deixá-lo de lado, ajoelhou-se ao seu lado e passou a mão em sua borda vermelha.

— Obrigada, Pimpo. Você me ajudou tanto!

Os brinquedos no quarto ouviram aquilo e sorriram. O urso Fred piscou para Pimpo, que sentiu uma onda de orgulho e gratidão.

Ele havia cumprido sua missão.

No entanto, o que aconteceria agora?

O tempo passou e Bia realmente cresceu. Agora, ela não precisava mais de Pimpo, mas ao invés de jogá-lo fora, ela o guardou com carinho em uma caixa especial.

— Você sempre será importante para mim, Pimpo — disse ela, dando um último abraço em seu fiel companheiro.

Anos depois, quando sua irmãzinha nasceu, Bia abriu a caixa e pegou Pimpo novamente.

— Pequena Ana, esse é o Pimpo. Ele me ajudou muito, e agora ele pode te ajudar também!

Pimpo se encheu de alegria. Ele não estava esquecido. Sua missão continuaria, ajudando outra criança a crescer. E assim, ele percebeu que o valor de alguém não está em nunca mudar, e sim, em deixar um legado.

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