Uma história infantil sobre lápis mágico cheia de aventuras e imaginação, perfeita para crianças de 7 a 11 anos e para leitura em família.

Luca adorava explorar a biblioteca da escola. Para ele, aquele lugar era mais do que um amontoado de livros velhos e prateleiras empoeiradas. Era um portal para outros mundos. Ele poderia ser um pirata navegando em mares pouco conhecidos, um astronauta explorando novos mundos vista ser apenas poeira estelar tapando-lhes a visão ou ainda um detective resolvendo casos e mistérios.

na manhã chuvosa daquela terça-feira, foi mesmo um caso que descobriu. Enquanto procurava um livro de aventuras, algo brilhou no chão entre duas estantes. Curioso, Luca se abaixou e pegou o objeto: um lápis dourado. Mas não era um lápis qualquer. Ele era diferente, reluzente, com pequenas inscrições quase invisíveis em sua superfície. Assim que seus dedos o tocaram, um leve formigamento percorreu sua mão.

— O que é isso? — murmurou para si mesmo, franzindo a testa.

Olhou em volta, esperando que algum aluno tivesse deixado cair. Mas a biblioteca estava quase vazia, exceto pela sra. Teresa, a bibliotecária, que organizava alguns livros no balcão. Intrigado, Luca colocou o lápis no estojo e decidiu continuar sua busca pelo livro de aventuras. Mas sua mente não conseguia se desligar da estranha sensação que tivera ao tocar aquele objeto. Era como se ele tivesse encontrado algo muito importante, algo especial.

Na hora do recreio, enquanto os colegas jogavam bola no pátio, Luca sentou-se em um canto tranquilo do corredor e pegou o lápis novamente. Virou-o em suas mãos, observando os detalhes. As pequenas inscrições pareciam símbolos antigos, mas não faziam sentido para ele. Com um suspiro, pegou um pedaço de papel amassado e rabiscou algumas linhas. Para sua surpresa, o grafite deslizava incrivelmente macio, como se desenhasse sozinho.

— Que estranho…

Luca não sabia explicar, mas aquele lápis parecia diferente de todos os outros que já tinha usado. Ele desenhou um pequeno círculo e, quando piscou, teve a impressão de que o desenho tinha se movido levemente. Ele esfregou os olhos. “Devo estar cansado”, pensou.

Naquela noite, já em casa, Luca pegou o estojo e tirou o lápis novamente. Sentado à sua mesa, acendeu a luminária e, com cuidado, decidiu testar algo. Desenhou um pequeno gato azul. O desenho ficou simples, mas divertido. Ele sorriu, satisfeito. No entanto, quando se virou para pegar a borracha, ouviu um som estranho. Um miado baixinho. Virou-se de volta para a mesa, confuso.

O coração acelerou quando percebeu que o gato que ele havia desenhado não estava mais no papel. Ele estava ali, em pé sobre a mesa, esticando as patas e bocejando como se tivesse acabado de acordar de um longo sono. Luca congelou. Engoliu em seco. Piscou várias vezes para ter certeza de que não estava sonhando.

— Isso não pode estar acontecendo…

O gato azul abriu os olhos brilhantes e saltou da mesa. Luca recuou, derrubando sua cadeira no chão. O pequeno animal olhou para ele, inclinando a cabeça com curiosidade, como se estivesse se divertindo com a reação do menino. Foi então que Luca percebeu: aquele não era um lápis comum. Ele tinha acabado de dar vida a um desenho. E aquilo era apenas o começo.

Luca não conseguia acreditar no que via. O pequeno gato azul, que antes era apenas um rabisco no papel, agora caminhava sobre sua mesa, miando suavemente. Ela esfregou os olhos em desespero, tentando racionalizar o que seus sentidos lhe mostravam. Contudo, o felino saltou para o chão e começou a vasculhar o cômodo como se estivesse em seu habitat natural.

O coração de Luca batia acelerado. Ele olhou para o lápis dourado em sua mão, sentindo o mesmo formigamento de antes. Será que qualquer coisa que ele desenhasse ganharia vida? A ideia era empolgante e assustadora ao mesmo tempo.

Movido pela curiosidade, pegou outra folha e desenhou uma pequena borboleta amarela. Assim que terminou, o desenho brilhou por um segundo e, para seu espanto, a borboleta saiu do papel, batendo suas asas delicadas pelo quarto.

Luca sentiu um misto de alegria e medo. Contudo, precisava testar os limites daquele lápis. Pegou outra folha e desenhou um avião de papel. Assim que terminou, o avião se ergueu sozinho, voando suavemente pelo cômodo antes de pousar sobre sua cama. Ele riu, maravilhado com as possibilidades. Porém, percebeu que precisava ter cuidado com o que criava.

O gato azul, agora confortável, subiu na cama e começou a brincar com a borboleta. Luca observou aquilo com fascínio. Ele tinha um poder incrível nas mãos, mas ainda não entendia como usá-lo corretamente.

Resolveu testar mais uma vez e desenhou uma maçã vermelha. Diferente dos outros desenhos, a maçã permaneceu imóvel sobre a folha. Ele pegou a fruta com cautela e, após muito hesitar, deu uma mordida. Para sua surpresa, era tão suculenta e doce quanto uma maçã de verdade!

A empolgação tomou conta dele. Imaginou todas as coisas incríveis que poderia criar: brinquedos, animais, objetos mágicos. No entanto, algo em seu íntimo gritava que havia regras impostas àquele dom. Ela precisava compreender os limites antes de realizar qualquer ação de que pudesse eventualmente se arrepender.

Foi quando ouviu passos vindos do corredor. Sua mãe estava se aproximando do quarto. Desesperado, Luca tentou esconder o gato e a borboleta, pois não sabia como explicaria aquilo. Contudo, antes que pudesse reagir, o gato se espreguiçou e desapareceu no ar, como se nunca tivesse existido. O mesmo aconteceu com a borboleta e o avião de papel.

Ele ficou perplexo. Será que os desenhos tinham um tempo limitado de existência? Ou será que precisavam estar sempre por perto para continuarem reais? Aquilo era um novo mistério a ser resolvido.

Entretanto, por ora, Luca precisava manter aquele segredo apenas para si. Enquanto se deitava, segurando o lápis dourado com firmeza, soube que aquela era apenas a primeira de muitas aventuras que ainda estavam por vir.

Na manhã seguinte, Luca acordou com o lápis dourado ainda em sua mão. Ele se sentou na cama e relembrou os eventos da noite anterior. Tudo parecia um sonho distante, todavia, ao olhar para a escrivaninha, encontrou os papéis com os desenhos que haviam ganhado vida. Seu coração disparou. Aquilo era real!

Empolgado, ele pegou uma folha nova e começou a desenhar. Fez um pequeno barco de papel. Assim que traçou a última linha, o barco brilhou e, em segundos, flutuava sobre a mesa. O encantamento de Luca crescia a cada nova criação. Contudo, ele sabia que precisava ser cauteloso. Ainda não entendia totalmente como o lápis funcionava ou quais eram suas regras.

Decidiu testar algo diferente. Com traços cuidadosos, desenhou uma bola de futebol. Ao final, a esfera saltou do papel e rolou pelo chão. Luca a pegou, sentindo sua textura. Era uma bola de verdade! Maravilhado, chutou-a contra a parede e sorriu ao vê-la quicar. Ele podia criar qualquer coisa! No entanto, a animação deu lugar a uma nova preocupação: até onde ia esse poder? Havia um limite para as criações?

Durante o recreio na escola, Luca não conseguia pensar em outra coisa. Seus amigos brincavam ao redor, mas sua mente estava focada no lápis dentro de seu estojo. Por fim, decidiu contar a novidade para sua melhor amiga, Sofia. Sendo ela sempre apaixonada por aventuras e por mistérios, Luca tinha ainda mais certeza que nela poderia confiar.

— Eu não consigo acreditar no que encontrei! — sussurrou enquanto levava Sofia para um lugar mais reservado.

— E o que aconteceu? — questionou ainda mais intrigada.

Com um olhar animado, Luca tirou o lápis dourado e um caderno da mochila. Rápido, desenhou uma pequena borboleta azul. Assim que terminou, o desenho brilhou e, diante dos olhos surpresos de Sofia, a borboleta saiu voando.

— Isso… isso é incrível! — Sofia exclamou, observando a criatura voar ao redor deles.

— Eu sei! Eu posso desenhar qualquer coisa, e ela ganha vida!

Sofia tocou a borboleta, que pousou suavemente em sua mão antes de desaparecer no ar. Sua expressão mudou de encantamento para preocupação.

— Luca, isso pode ser perigoso. Você já testou o que acontece se desenhar algo grande ou assustador?

Luca hesitou. Ele havia se divertido tanto que não pensara nessa possibilidade. O que aconteceria se desenhasse algo muito poderoso? No entanto, sua curiosidade era maior do que qualquer receio. Precisava descobrir os limites daquele lápis. E, para isso, faria mais testes.

A empolgação retornou, e ele já sabia qual seria seu próximo desenho. Mal podia esperar para experimentá-lo quando estivesse sozinho.

Ao chegar em casa, Luca estava determinado a testar os limites do lápis mágico. Sentado à escrivaninha, ele observou a folha em branco à sua frente. Sentia-se tentado a criar algo grandioso, algo que nunca tivesse tentado antes. Porém, a advertência de Sofia ecoava em sua mente. E se desenhasse algo que saísse do controle?

No entanto, sua curiosidade era maior que o receio. Pegou o lápis e começou a traçar um enorme dragão com asas majestosas. Conforme finalizava os últimos detalhes, sentiu o lápis vibrar em sua mão. O desenho brilhou intensamente e, diante dos seus olhos arregalados, o dragão começou a se erguer do papel.

Primeiro, suas asas se abriram, depois suas patas tocaram a mesa. Num instante, a criatura preencheu o quarto inteiro, derrubando livros e empurrando móveis. O dragão soltou um rugido baixo, olhando diretamente para Luca. O menino recuou, sentindo um frio na espinha. O dragão era magnífico, mas também assustador. Ele não havia pensado no que faria se algo assim acontecesse.

Tentou falar, todavia, sua voz falhou. O dragão bateu as asas, levantando um vento forte dentro do quarto. Objetos voaram, e Luca percebeu que a situação estava saindo do controle. Desesperado, tentou apagar o desenho, mas o lápis caiu de suas mãos no turbilhão de vento. Precisava agir rápido antes que o dragão quebrasse a janela e saísse para a cidade.

Lembrou-se de que as criações desapareciam depois de um tempo, contudo, não sabia se esse tempo variava de acordo com o tamanho do desenho. Foi então que teve uma ideia. Pegou outro papel e, com um lápis comum, desenhou uma gaiola enorme. No entanto, nada aconteceu. O lápis dourado era o único capaz de dar vida aos desenhos!

Luca se jogou no chão, tentando alcançá-lo. O dragão rugiu novamente, levantando voo dentro do quarto apertado, causando um estrondo ao bater contra a parede. Finalmente, Luca conseguiu agarrar o lápis mágico. Com mãos trêmulas, desenhou rapidamente uma grande nuvem ao redor do dragão.

Após a finalização do mesmo, a neblina envolveu a criatura, que depois tencionou mover-se durante alguns instantes e logo desapareceu. O quarto ficou silencioso, restando apenas os vestígios do caos que indicavam o que havia ocorrido.

Luca sentou-se no chão, ofegante. Aquilo tinha sido por pouco. Ele havia cometido um grande erro ao testar o poder do lápis sem pensar nas consequências. Precisava ser mais cuidadoso dali para frente.

Uma dúvida no entanto inquietante infundiu-se na mente dele: se o lápis tinha esse poder, de quem havia sido o lápis e para quê? Decidiu que antes de um novo teste necessitava descobrir as origens daquele objeto. E, para isso, precisaria da ajuda de Sofia.

Luca não conseguia tirar da cabeça os acontecimentos da noite anterior. O dragão que quase destruíra seu quarto havia sido um alerta: o lápis mágico era poderoso demais para ser usado sem responsabilidade. Se ele realmente queria entender aquele objeto, precisava descobrir de onde ele viera. A única capaz de ajudá-lo em sua investigação seria Sofia.

No dia seguinte; Luca chamou Sofia para um canto do pátio na escola, e relatou tudo o que ocorrera. Ela o ouviu com atenção, os olhos arregalados de espanto e curiosidade.

— Precisamos descobrir quem criou esse lápis e por quê — disse ela, determinada. — Onde você o encontrou mesmo?

— No brechó do senhor Alfredo. Era só um lápis velho numa caixa de coisas antigas — respondeu Luca.

Sofia sorriu. — Então é para lá que vamos depois da aula.

Assim que a última campainha tocou, os dois correram para o brechó. O local era escuro e repleto de objetos empilhados em prateleiras empoeiradas. O senhor Alfredo, um homem idoso de barba branca e olhos atentos, os recebeu com um sorriso gentil.

— Luca! Que surpresa. Gostou do que comprou aqui? — perguntou ele.

Luca trocou um olhar com Sofia antes de responder. — Na verdade, senhor Alfredo, eu queria saber mais sobre um lápis dourado que comprei aqui. O senhor lembra de onde ele veio?

O sorriso do idoso desapareceu, substituído por uma expressão séria. Ele suspirou e fez sinal para que os dois o seguissem até o fundo da loja. Retirou um livro antigo de uma prateleira e o abriu em uma página amarelada pelo tempo.

— Esse lápis não é um objeto comum, garoto. Ele foi criado há muitos anos por um artista chamado Gaspar de Monteiro. Ele queria dar vida às suas criações, mas, ao perceber o perigo que isso representava, tentou destruir o lápis. Contudo, ele desapareceu antes de conseguir — explicou Alfredo.

Luca sentiu um arrepio. — Então o lápis não deveria existir?

— Exato — respondeu o senhor Alfredo. — E se ele caiu em suas mãos, é porque você tem uma responsabilidade muito grande. O lápis pode criar maravilhas, porém, também pode causar desastres.

Sofia franziu a testa. — Então o que devemos fazer com ele?

O senhor Alfredo fechou o livro e olhou para Luca com seriedade. — Vocês precisam tomar uma decisão. Ou usam o lápis com sabedoria, ou descobrem uma maneira de destruí-lo para sempre.

Luca engoliu em seco. Ele nunca tinha pensado em se livrar do lápis. Contudo, depois do incidente com o dragão, começou a pensar se esse era o melhor movimento. Agora tinha que decidir: manter o lápis para aprender a usá-lo prudentemente ou fazer algo para destruí-lo antes que caísse em mãos erradas.

Luca e Sofia saíram do brechó em silêncio, absorvendo tudo o que o senhor Alfredo havia contado. O lápis não era apenas um objeto mágico qualquer. Ele carregava uma responsabilidade enorme, e agora cabia a Luca decidir o que fazer com ele.

Sentado naquele momento à escrivaninha à noite, Luca mantinha o lápis dourado entre os dedos. Ele poderia empregá-lo para fazer coisas fantásticas, auxiliar pessoas, transformar o mundo em um lugar melhor. Contudo, tinha plena consciência de que, se caísse nas mãos erradas, poderia provocar confusão e destruição. O que deveria fazer?

No dia seguinte, ele e Sofia voltaram ao brechó para buscar mais respostas. O senhor Alfredo os esperava com outro livro antigo em mãos.

— Existe uma maneira de selar o poder do lápis — explicou ele. — Mas requer um grande sacrifício. Você precisará desenhar a sua última criação: um cofre mágico que prenderá o lápis para sempre. E depois disso, nunca mais poderá usá-lo.

Luca respirou fundo. Era sua última chance de manter o lápis, mas também a única forma de garantir que ele nunca causaria problemas. Olhou para Sofia, que assentiu com um olhar encorajador.

— Eu farei isso — decidiu Luca.

Ele pegou uma folha em branco e, com mãos firmes, começou a desenhar. Criou um cofre dourado, adornado com símbolos antigos e uma fechadura inquebrável. Quando finalizou o último traço, o cofre brilhou e se materializou diante deles.

Luca colocou o lápis dentro e, no instante em que a tampa se fechou, sentiu um peso sair de seus ombros. O poder estava selado.

O senhor Alfredo sorriu. — Você fez a coisa certa, garoto.

Sofia pegou a mão de Luca. — Agora esse lápis não poderá mais causar danos. Mas sua criatividade sempre estará com você, lápis mágico ou não.

Luca sorriu. Ele havia aprendido que o verdadeiro poder não estava no lápis, mas dentro dele. E agora, estava pronto para escrever sua própria história — sem magia, mas com um coração cheio de imaginação.

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