Um conto encantador que mistura fantasia e valores como coragem, amor e memória afetiva. Ideal para crianças de 7 a 10 anos.

História infantil caixinha de música é uma narrativa mágica que leva as crianças a um mundo de fantasia cheio de melodias, coragem e amor. Nesta aventura, a pequena Estela descobre que a verdadeira música não vive apenas em objetos encantados, mas também no coração e na memória.

Estela era uma menina de nove anos que vivia numa pequena cidade cercada de montanhas e jardins coloridos. Ela tinha cabelos castanhos longos e lisos, que sempre caíam sobre os ombros como se fossem fios de mel brilhando ao sol. Seus olhos grandes e curiosos guardavam perguntas sobre tudo: sobre as nuvens que mudavam de forma, sobre o som do vento nas árvores, e principalmente sobre as histórias que sua avó costumava contar.

A avó de Estela havia partido há alguns meses, deixando um vazio imenso em sua vida. A menina sentia saudades do cheiro de bolo recém-assado, do bordado delicado que enfeitava as toalhas, e principalmente do som da caixinha de música que a avó guardava no criado-mudo ao lado da cama. Toda noite, antes de dormir, a avó girava a pequena manivela dourada, e uma melodia suave preenchia o quarto. Estela se encolhia nos braços dela e sentia que aquele som tinha o poder de proteger seus sonhos.

Um dia, explorando o sótão da casa, Estela encontrou a tal caixinha escondida dentro de uma caixa de madeira. Era pequena, feita de porcelana branca com flores pintadas à mão. Ao abri-la, viu a bailarina de vestido cor-de-rosa que girava devagar, como se dançasse apenas para ela. Estela girou a manivela com pressa, e a música começou a tocar — era exatamente a mesma que embalava seus sonhos na casa da avó. Uma onda de emoção encheu seu peito e lágrimas surgiram em seus olhos.

Ela prometeu a si mesma que cuidaria daquela caixinha como se fosse um tesouro. Mal sabia Estela que aquele objeto guardava segredos muito maiores do que podia imaginar.

Naquela noite, Estela levou a caixinha consigo para o quarto e a colocou sobre o criado-mudo, bem pertinho da cama. Antes de adormecer, girou a pequena manivela dourada com cuidado, esperando ouvir a melodia conhecida. Mas, para sua surpresa, a bailarina rodopiou apenas duas vezes e logo ficou imóvel. O som que sempre enchia o ambiente desapareceu de repente, como se tivesse sido engolido pelo silêncio.

O som suave que costumava encher o ar desapareceu como se tivesse sido engolido pelo silêncio. Estela tentou novamente, mas nada aconteceu.

Seu coração acelerou. “Não pode ser! É o único jeito de sentir a vovó perto de mim…”, pensou, quase chorando. Virou a caixinha de um lado para o outro, mas não havia rachaduras nem sinais de quebra. Ainda assim, a melodia havia desaparecido. A menina abraçou o objeto contra o peito, como se tivesse medo de perdê-lo de vez.

Naquela noite, teve um sonho diferente: estava em um jardim imenso, onde flores brilhavam como estrelas e pássaros coloridos cantavam melodias que pareciam conhecer sua alma. No centro do jardim, havia um portão dourado. Do outro lado, Estela podia ouvir a música da caixinha. Reconheceu cada nota, como se fosse um chamado para ela atravessar.

Quando tentou abrir o portão, uma voz grave ecoou:
— Só quem tiver coragem de ouvir o silêncio pode entrar.

Estela acordou assustada, mas também curiosa. Será que a caixinha tinha mesmo poderes mágicos? Ou era apenas a saudade de sua avó brincando com seus sonhos?

Determinada a descobrir o que estava acontecendo, Estela levou a caixinha até o sótão outra vez. Colocou-a sobre uma mesinha coberta de poeira e disse em voz baixa:
— Se há um segredo em você, eu quero descobrir.

Assim que falou, a bailarina dentro da caixinha piscou os olhos — algo impossível para um simples bonequinho de porcelana. A menina arregalou os olhos, mas antes que pudesse reagir, foi sugada por uma onda de luz que saiu da manivela. De repente, Estela estava dentro de um mundo completamente diferente.

O chão era formado por teclas de piano gigantes, que produziam notas musicais sempre que ela pisava. Árvores com folhas em formato de claves de sol balançavam suavemente, e borboletas luminosas voavam formando pequenos acordes no ar. O ar tinha cheiro de flores e som de violino misturado ao vento.

Um pequeno pássaro azul apareceu diante dela e falou:
— Bem-vinda ao Reino da Melodia, Estela. Só você pode consertar o coração da música que se partiu.

A menina ficou sem fôlego. Aquilo não era sonho. Era real. E agora ela teria que descobrir como salvar a música antes que o silêncio tomasse conta daquele mundo encantado.

Estela seguiu o pássaro azul por trilhas feitas de cordas de violão. Quanto mais avançava, mais o som ao redor diminuía. Era como se cada passo apagasse um pouco das melodias que antes enchiam o ar. O pássaro explicou:
— O Guardião do Silêncio roubou a última nota da canção da sua caixinha. Sem ela, a bailarina não dança e sua lembrança da avó fica incompleta.

A menina sentiu um aperto no coração. Não queria perder aquela lembrança, mas também não sabia como enfrentar um guardião misterioso. O pássaro, percebendo sua preocupação, disse:
— Para derrotá-lo, você precisará encontrar três chaves escondidas: a chave da coragem, a chave da memória e a chave do amor. Só assim o portão dourado se abrirá.

Estela respirou fundo. Gostava de aventuras em livros, mas agora ela mesma era a heroína. Decidiu que não desistiria, mesmo com medo.

O primeiro desafio foi atravessar uma ponte feita de partituras que flutuavam sobre um rio escuro. Cada vez que ela pisava numa nota errada, a ponte tremia. Estela se concentrou, lembrando das canções que a avó cantarolava, e conseguiu atravessar em segurança. Do outro lado, encontrou a chave da coragem, brilhando como uma estrela.

Seu coração bateu mais forte. Estava apenas começando.

Com duas chaves ainda a encontrar, Estela caminhou por florestas onde os sons desapareciam pouco a pouco. Era como estar dentro de um vazio gelado. Quando finalmente chegou ao portão dourado que vira em sonho, o Guardião do Silêncio estava lá.

Era uma figura imensa, feita de sombras, com olhos como buracos escuros e uma capa que parecia engolir todo som ao redor. Sua voz ecoou como um trovão:
— Você não pode ter a música de volta, menina. O silêncio é eterno e pertence a mim.

Estela segurou a caixinha contra o peito e respondeu:
— A música é minha lembrança da vovó. Não vou desistir dela.

O guardião riu, e ventos gelados começaram a soprar, tentando derrubar a menina. Nesse momento, Estela ouviu dentro de si a voz da avó:
— Minha pequena estrela, a música nunca morre quando é guardada no coração.

Com lágrimas nos olhos, Estela ergueu a caixinha e começou a cantarolar a mesma melodia que sempre ouvia dela. O guardião tentou abafar sua voz, mas quanto mais Estela cantava, mais forte a luz em seu peito brilhava.

E então, algo mágico aconteceu: as três chaves apareceram em suas mãos — coragem, memória e amor. O portão dourado se abriu, e a música voltou a ecoar pelo Reino da Melodia.

Estela atravessou o portão e, num piscar de olhos, estava de volta ao sótão. A caixinha em suas mãos brilhava suavemente. Girou a manivela, e desta vez a bailarina voltou a dançar. A melodia suave encheu o ar, trazendo não apenas o som, mas também a certeza de que sua avó sempre estaria com ela.

Ela compreendeu que a caixinha era mais do que um objeto. Era um portal para suas próprias lembranças, e a verdadeira música não estava presa ali dentro, mas em seu coração.

Naquela noite, antes de dormir, Estela sorriu. A música tocava ao lado da cama, mas ela sabia que mesmo que um dia parasse, nada poderia apagar a melodia que já fazia parte dela.

E assim, Estela cresceu sabendo que cada som, cada silêncio e cada lembrança formavam a canção única da sua vida.

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